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Dezasseis eramos os trilheiros que se concentraram à hora aprazada no Parque Radical. Antes da saída houve lugar à apresentação e demonstração da bicicleta desdobrável do David que, ao arrumá-la, por infelicidade deixou cair a pedaleira de plástico rígido no chão que, logo ali, ficou irremediavelmente partida. Parecia que assim era “decretada” a sina deste dia capicua do mês doze do ano treze. Não é por nada, mas, pelo sim pelo não, há muita gente que não gosta destas coisas de trezes. De facto, não podemos considerar que tenha sido ano de grande sorte e muitos de nós estão desertos para o verem pelas costas e longe!
Rumámos em direcção à Barreira e deambulámos trilhos abaixo, trilhos acima, pelas encostas escorregadias entre o Reguengo e as Fontes até percorrermos quarenta quilómetros e novecentos metros de acumulado.
Ainda dez quilómetros não haviam sido percorridos quando o Fernando, o nosso único repórter de serviço, teve que retirar por ter ficado com o cepo da transmissão completamente inoperacional. Abandonou o grupo em direcção a casa na companhia doutro companheiro dado que trilheiros ajuizados não se deslocam sozinhos mas em grupo. Passámos a ser catorze.
A meio da manhã o Leonel, que raramente usa mochila, exibiu o que levava às costas: um Bolo Rainha e uma garrafa de Favaios para comemorarmos num muro apropriado para o efeito o 37º aniversário da esposa, e nossa companheira, Paula Pita que, para além de ser a única mulher do grupo no activo é também um dos mais jovens elementos: pouco mais de metade da idade do menos jovem dos trilheiros!!!
Mas havia mais na nossa agenda matinal. O Paulo Chá-Chá, o nosso homem do single-speed, tirou o dia para limpar (melhor dizendo: começar a limpar!) um hectare de terreno na paradisíaca zona da Mata da Curvachia e ontem, via Face-book, tinha convidado o grupo a visitá-lo e degustar castanhas assadas e uma bela jeropiga. Cumprimos este saboroso compromisso e continuámos, subindo e descendo com pedras ressaltos e sobressaltos em direcção ao Parque Radical.
Mas, como até ao lavar dos cestos usamos dizer ser vindima e porque a sina do dia 13 ainda estava no ar, vieram ainda mais três percalços: primeiro foi o atravessamento de alguns dos caminhos no regresso que foram autenticamente lavrados e deixados cheios de rama cuidadosamente desarrumada pelos lenhadores que fizeram desbaste florestal recente e se estiveram, como é habitual, nas tintas para os outros (isto é uma pérola do património comportamental tuga…); de seguida numa daquelas vertiginosas descidas com muito vibroplate o Cláudio, que descia veloz atrás do Cardinhos, chegou a duvidar que o que via pudesse ser da qualidade ou da quantidade da jeropiga e não era porque de facto a roda traseira da bicicleta do Cardinhos bamboleava desgovernadamente devido ao estoiro de um dos componentes do quadro (a escora). De novo um companheiro a circular a pé em direcção à estrada mais próxima para aguardar por familiar que o veio recolher. E passámos a ser TREZE!!! (Veja-se o raio da coincidência. Será por isso que há quem diga que não acredita em bruxas mas lá que as há, há!) E ainda não tinha terminado por aqui a nossa saga pois o Rui Leitão chegou atrasado ao destino por ter tido problema grave no desviador.
Mas o aziago número treze não tem que significar somente probabilidade de azar mas pode também ser sinónimo de sorte. É esse o caso da chave do Totobola e foi também esse o nosso hoje, pois, para além dos muitos azares materiais, que não são de modo nenhum despiciendos, tivemos a sorte de não termos tido nenhum azar ao nível das quedas, se considerarmos que o espalhanço do Gonçalo Cordeiro no início do Trilho do Rio Seco não contou...
Finalmente, e porque esta crónica esteve para nem sequer ser escrita por determinação superior do nosso director que o sentenciou durante a primeira parte da manhã - devido à muito reduzida participação da maioria dos companheiros trilheiros no nosso blogue em torno dos textos, das fotos e dos filmes -, pode também ser, pelo menos temporariamente, a última se essa participação continuar a não ocorrer. Esperemos bem que não por diversas razões: porque se julga que este trabalho é muito importante para memória futura e particularmente porque ninguém gosta de trabalhar para o boneco (escrever, fotografar e filmar é trabalhar!). Eu não gosto! E ainda para mais quando alguns dizem que é fácil debitar (c****) lérias… E não é!
Bom Natal para toda a família dos Trilhos Sem Fim e respectivas famílias (activos, inactivos, reactivos, interactivos e comatosos). E para os rabugentos também!
Está lançado o repto. Aguardam-se as reacções via MUITOS comentários…
Alipio Lopes
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