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Pela segunda vez o grupo Trilhos Sem fim esteve presente no Geo-Raid, agora na Serra da Estrela, nos dias 20 e 21 de Julho de 2009.
Sabíamos que seria uma prova difícil de superar, sobretudo pelo perfil do percurso, mas também pelas altas temperaturas esperadas, que chegaram aos 40ºC em alguns locais.
Apesar das nossas expectativas em termos de classificação serem moderadas, a ansiedade esteve bem presente na hora de largada. Aquele tremor das mãos quase nos impedia de controlar as bicicletas. Dada a ordem de partida nunca mais houve possibilidade de dar atenção ao nervosismo ou permitir que a ansiedade interferisse na condução. As descidas eram realmente íngremes e exigiam o máximo de concentração, sob pena de arriscar uma queda com consequências imprevisíveis. Não me recordo de ter feito descidas tão prolongadas.
Claro que após uma descida prolongadas surge uma subida extremamente difícil. Nós compreendemos essa lógica e até dizemos que não existem descidas, mas sempre subidas. Nesta série do Geo-Raid cheguei a questionar-me se não preferia mais as subidas que as descidas, tal era a concentração que nos exigiam.
As paisagens da Serra da Estrela são sempre magníficas, mesmo vistas de automóvel, modo como a maior parte de nós as conhece. Este "raid", para mim um passeio, uma vez que a condição física não me permite competir com atletas tão bem preparados, trouxe-me a oportunidade única de ver a Serra por ângulos totalmente novos e muito pouco prováveis de voltar a encontrar.
Se as fotos que escolhi são de uma beleza impar, não é difícil imaginar que aquilo que os nossos olhos apreciaram é incomparavelmente superior, diria soberbo. Às imagens de beleza impar ainda se associava, num ou outro local, o perfumado aroma da vegetação de montanha e o agradável e repousante som das múltiplas fragas. Experiencia impar!
Fiquei agradavelmente surpreendido com a facilidade com que se estabeleciam contactos entre os vários atletas. Se na primeira série, em S. Pedro do Sul, percorremos grande parte do trajecto sozinhos, desta vez, fomos sempre acompanhados por companheiros de diversas equipas. Diria que a dificuldade da prova uniu os participantes.
Dificuldade da prova? Claro que sim. Tivemos várias subidas difíceis, mas duas delas quase me obrigavam a desistir. No dia 20 de Junho fizemos a subida de Manteigas para as Penhas da Saúde num estradão com piso muito solto, pela margem esquerda do Mondego e depois pela estrada, passando pelo Covão d’Ametade. O calor era intenso e a distância de cerca de 15 Km com um desnível de 1000 metros foi devastador.
No dia 21, segundo e último dia da prova, voltámos a subir de Manteigas para as Penhas da Saúde, mas agora pelos caminhos de montanha, passando pelo Poço do Inferno. Infernal era esse trajecto. Uma subida com 25 Km, após termos percorrido 60 nesse dia e 94 no dia anterior, com um desnível de 1000, quase me levou à exaustão. Não fosse a companhia e o estímulo de alguns bravos companheiros, provavelmente teria ficado a dormir à sombra dos frondosos castanheiros que nos iam protegendo com a sua sombra.
O esforço foi compensado com a chegada dentro do tempo, evitando uma desmotivadora e injusta desclassificação.
Para nós, Nuno e Rui, o objectivo era fazer o percurso dentro do tempo previsto. Cumprimos o objectivo e não ficámos em último lugar. Obtivemos um muito honroso 57º em 80 e nunca o teríamos conseguido se não tivessemos o Ricardo Santos a puxar por nós todo o percurso.
Agora falta a prova da Lousã, lá para Outubro. Até lá!
Rui
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