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Para este grupo de trilheiros, e que por estes dias vão também ser peregrinos a Santiago de Compostela, o dia começou cedo. Às 5h estavamos, eu e o meu pai, que é o motorista do carro de apoio e que pelas boas funções desempenhadas hoje, passaremos a designar de staf! a chegar a casa do Rui Gaspar, depois de carregada a bicicleta, o frigorifico e os 2 bolos confeccionados pela nossa querida amiga Cristina, fomos buscar os restantes companheiros, foi só ir buscá-los pois todas as bagagens e bicicletas já tinham sido carregadas na véspera.
Depois de o frigorifico atestado com as águas e as minis, sim minis, mas da SAGRES, porque como diz o nosso TSF Pedro enfermeiro, são essenciais para repor os electrólitos, depois de um intenso esforço muscular, e quem somos nós para duvidar de tal afirmação… O nosso patrocinador Júlio, atento a estas questões da saúde, ofereceu prontamente as bebidas, incluindo uma bebida azul o powerade, que parece que ajuda a subir a labruja! Mas como ia a dizer, depois de tudo pronto, arrancámos já por volta das 6h em direcção a São Pedro de Rates, local de inicio da nossa peregrinação, e onde tivemos a excelente oportunidade de ver o esforço, dedicação e prazer da população em enfeitar o chão das ruas com tapetes de flores. Espectáculo bonito de ser ver, não só o trabalho depois de feito, mas a sua montagem em especial. Ao que soubemos, a procissão seria da parte da tarde, e as flores deverão ser mantidas nas ruas, pelo menos até Domingo.
Saímos de São Pedro de Rates, não sem antes carimbarmos as nossas credenciais e de fazermos uma cache, sim porque isto de andar de bicicleta sem um pretexto para parar, poderia cansar muito as perninhas.
O tempo esteve óptimo e a região do Minho, é, como todos já sabemos, uma região, cuja paisagem é pintada de verde, sendo nesta altura do ano os extensos campos de milho, para além das vinhas, os “pintores” dessa paisagem. Os cursos de água, sobretudo os rios e as fontes, completam essa bela paisagem, dando simultaneamente uma sensação de frescura e tranquilidade. As diversas pontes romanas que hoje transpusemos, onde sob elas corre a água límpida e fresca, como infelizmente já raramente se vê, dão-nos uma sensação agradável de contacto com a natureza, ao mesmo tempo que olhando para as pedras já gastas de cerca de 8 séculos de permanência naquele lugar, e por onde já passaram milhares de peregrinos, fazem-nos lembrar histórias de fé, e despertam em nó sentimentos de carácter mais espirituais e sentimentais, os quais, confesso que raramente temos, talvez pela agitação da vida moderna e “industrial” que levamos no dia-a-dia.
Como já esperávamos, não nos sentimos sozinhos nesta peregrinação, cruzamo-nos frequentemente com peregrinos apeados e outros de bicicleta como nós, e de todas as idades e nacionalidades, desde Espanhóis, Americanos, Alemães, Holandeses, etc. Alguns dos quais com quem já tivemos oportunidade de falar, ou no mínimo desejar “boa tarde e bom caminho”.
Quanto à nossa etapa de hoje, foi de 75Km, contando com pequenos desvios para chegarmos às caches que aparecem no ecrã do GPS, as que se atravessam no nosso caminho, temos de as fazer, e algumas das outras mesmo ao lado também! Partimos já eram praticamente 9h00 e chegámos ao local onde estamos a pernoitar, em São Roque, concelho de Paredes de Coura, cerca das 18h00. O percurso teve um acumulado de praticamente 900 metros, e a primeira parte do percurso, feita até à hora de almoço, é feita sem dificuldades, o mesmo não se pode dizer da parte final da nossa etapa de hoje, a serra da labruja! Mas que obviamente, apesar de mais penosa, não foi de modo nenhum uma barreira para os TSF!
Quanto ao “staff”, carro de apoio, vamo-nos cruzando aqui e ali, durante o percurso, e quando são horas de almoço ou de jantar, temos a situação local já estudada… excelente! Claro que se nos cruzarmos com o carro de apoio e já tivermos os tais electrólitos em baixo, seguimos a receita já descrita.
Durante todo o percurso temos vindo com o GPS a mostrar outros trajectos já realizados por peregrinos anteriores, mas verifica-se que não é necessário, pois a sinalização, setas amarelas, estão por todo o lado, não deixando margem para enganos!
Logo de manhã, o Artur para matar saudades do trabalho teve de remendar o pneu, paragem logo aproveitada, para ir fazer uma cache ali pertinho… e conhecer mais um local de interesse.
Durante o jantar, num restaurante aqui perto e depois de ter faltado a luz por uns momentos, eis que começámos a cantar os parabéns, paródia leva a paródia, desafio leva a desafio, e eis que nos vemos no restaurante a ouvir os melodiosos e fortes sons de duas concertinas, excelentemente bem tocadas por dois rapazes novos e também clientes do restaurante. Momento alegre, descontraído e que contagiou todo o restaurante, incluindo uns peregrinos Holandeses que certamente terão pensado “pobre povo, mas alegre”.
Amigos TSF’s que por terras de D. Dinis ficaram, e aos que aqui estão, perdoem-me alguma omissão no relato de hoje, como por exemplo uma história hilariante do Rui Gaspar e o Geocaching, mas vou terminar a minha crónica e dormir, os outros companheiros já dormem à uma hora, e eu desde 3ºfeira de madrugada nem 8 horas dormi, está na hora, amanhã relatarei mais se conseguir.
Cláudio Costa, a caminho de Santiago
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