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Durante quatro dias, três a pedalar, uma dúzia de trilheiros deste grupo TSF, aventuram-se numa peregrinação a Santiago de Compostela. A façanha já não era nova para alguns de nós, para outros, que iam pela primeira vez, foi vencer um desafio pessoal que nos eleva o ego, quando finalmente paramos em frente à imponente catedral do Santo Apóstolo, depois de percorridos os quase 240Km de percurso.
Foi visível, por mais que alguns tentem não o demonstrar, que a chegada ao destino é motivo de orgulho, afinal nem todos somos rapazinhos de vinte e tal anos, e alguns de nós só começámos a andar de bicicleta à relativamente pouco tempo, e andar um dia inteiro em cima da bicicleta exige força de vontade e traseiro que aguente!
Sobre as nossas idades, não quero deixar de referir a particularidade, e a meu ver, a vantagem do grupo ser bastante heterogéneo, vamos dos 33 aos 63, sem contar com os nossos condutores, parte integrante do grupo, apesar de não pedalaram. Com idades tão diferentes, e apesar de experiências de vida e condições físicas distintas, o entendimento, as decisões, a convivência, as brincadeiras, as maluqueiras, são partilhadas naturalmente por todos, parecendo todos que voltámos por uns dias à idade de rapazotes a descer vales e montanhas, com atitudes dignas de sermos chamados à atenção, aliás, como alguns peregrinos nos fizeram! Ooops! ;-)
Foram três dias, que mais uma vez vou definir como sendo de excelentes mini-férias, como é sabido, cada um faz o caminho de Santiago pelos mais variados motivos, o principal e o original é obviamente pela fé, no entanto há muitos outros como é o nosso caso, o do desafio pessoal, e o da convivência com amigos, seguindo sempre o espírito de diversão e brincadeira que reina neste grupo de BTTistas. E isto, meus amigos, justifica todos os disparates que fazemos durante a peregrinação, de facto não seguimos a orientação da peregrinação em silêncio, pois quem nos conhece, sabe que mesmo sem o Artur e o GPS, é impossível percorrermos mais de 500m sem fazermos barulho, mandarmos umas bocas, gozarmos com alguém ou simplesmente dizer babuseiras! Como o já famoso grito tribal Eeeehhh Eeehhh Eeehhh!
Como já foi referido nos comentários, e citando em jeito de resumo, tivemos Paisagens espectaculares! Companheirismo! Muita pedalada, subidas suadas, descidas vertiginosas, ribeiros de água fresca para tomar banho e fazer nudismo, peregrinos simpáticos, peregrinos que caiem (com alguma ajuda de um de nós!), peregrinos que se atravessam à frente, cavalos, ovelhas, cabras, porca e Leitões além do "nosso". Sol, nuvens e chuva. Espanhóis, Ingleses e Franceses, e eu acrescento ainda, tapetes de flores, procissões, bandas filarmónicas, caches encontradas e outras nem por isso, caches novas “plantadas” por nós, meninos da escola primária, anedotas, pimentos Padrón, minis Sagres, muitas jarras de cerveja, muitas paragens para repor electrólitos e comer, os bolos da Cris, dormidas em hotel, em albergues, em camarata, orquestras de ressonares e muito Eeeeeh Eeeeh.
Quanto à preparação logística desta viagem, sobre o percurso, onde dormimos, onde comemos, horários e outros pormenores poderão ser consultados neste documento. Apesar de toda a preparação e de termos pensado em alguns suplentes, surgiram alguns imprevistos nos dias que antecederam a viagem. Um dos colegas já tinha sido forçado a desistir por motivos profissionais, tendo sido o lugar dele ocupado por outro colega. O Condutor de um dos carros, o pai do Hélder, viu-se impossibilitado de ir por motivos familiares. Na véspera, o amigo Artur teve de ser internado por motivos de saúde, o que impossibilitou a sua participação, tendo nós ficado sem o repórter oficial e sem o "vendedor" do blog. Perante esta ausência desafiámos outro colega que apesar de estar apenas a algumas horas de partirmos, prontamente fez as malas e alinhou connosco. Outro problema que nos pareceu grave, foi a carrinha de 9 lugares, emprestada por um dos patrocinadores, a EST, ter avariado uns dias antes, o que nos obrigou a levar uma de 6 lugares apenas, também da EST, com menos caixa de carga, mas com tejadilho. Tudo se resolveu, e o belo do frigorífico não deixou de ir, como não podia deixar de ser, passou para o carro do Hélder, ou seja, coube tudo à mesma, mas muito à justa como atestam as fotografias.
Quanto ao Artur, todos lamentámos a sua ausência, pois sabemos o quão ansioso ele andava com esta aventura, mas não deixou de estar presente, foi recordado constantemente, e fomos falando com ele por telefone para lhe dar oportunidade de nos ralhar!
Não podia acabar esta crónica sem referir a sorte que tivemos com o tempo. Depois de nos termos consciencializado que íamos apanhar chuva nos três dias de peregrinação, e de termos feito a viagem de carro na madrugada de 5ªfeira com bastante chuva, acabámos por ter dois dias de tempo excelente, com temperatura amena, tendo apanhado chuva apenas no último dia, Sábado, a partir do meio da manhã. De facto com chuva, não teríamos tido o mesmo gozo, a mesma predisposição para a brincadeira como tivemos graças ao bom tempo, para além de que, com mau tempo, a segurança e a dificuldade serem outras.
Apenas tivemos um furo, e uma avaria, prontamente resolvida na Bicis Garcia. O cepo de uma das rodas avariou a trezentos metros de uma oficina, em Caldas de Reis, no Sábado de manhã, com a oficina aberta. Digamos que apesar do azar, o Santiago deve-nos ter ajudado. Deste episódio saíram dois slogans, “Sem Bicis Garcia, o Cláudio nunca aqui chegaria”, o outro slogan, usa vocabulário menos próprio para este blog, e reflecte o mesmo sentimento :-)
Um agradecimento aos nossos condutores, ao Sr. Hélder e ao Sr. António, quer pela excelente qualidade do serviço prestado, estando à nossa espera com os carros nos locais de intersecção com o percurso, à semelhança do ano passado, e já com os aprovisionamentos dos mantimentos feito, ou os restaurantes reservados, quer pela paciência nas esperas e em especial pela integração total no espírito do grupo.
Obrigado também ao nosso patrocinador dos electrólitos, isto é, das bebidas energéticas, a Sodicel e também à EST – Empresa Serviços Técnicos, Lda, que emprestou novamente a carrinha.
Resumindo, foi uma experiência que sempre recordaremos, com o sentimento e conforto final de meta atingida, e feita em espírito de boa camaradagem e muito divertimento.
Para o ano, haverá mais, mas com novidades… esperemos até lá…
Eeeehhh, Eeeehhhh (aonde? aonde?)
Cláudio Costa
Lamento, mas as fotos, como habitualmente ficam por ordem inversa, ou seja, as últimas primeiro :-(
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