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CHAPINHAR NO VALE MANINHO

por Trilhos Sem Fim, em 18.10.15

São Pedro bem que se esforçou para nos fazer desistir de começar a pedalar, mas não conseguiu… Todos saímos de casa conscientes de que a manhã iria ser húmida mas nunca imaginámos que pudesse ter atingido os elevados níveis de humidade (melhor, água!) que pudemos verificar nos nossos corpos. Não houve nenhum equipamento, dos melhores aos piores, que tivesse resistido e a chuva chegou-nos quase ao tutano! Era tanta que nem o Leitão, numa das suas habituais e naturais chafurdices, conseguiu molhar-me mais do que já estava quando descemos o Vale Maninho, à máxima velocidade possível. Na Chainça, a espessura da água que corria na estrada não permitia – nem a descer! – que as bicicletas rolassem normalmente. O vento soprava de acordo com a intensidade da chuva. Enorme vantagem de tanta água era que as pedras, grandes e pequenas, estavam absolutamente lavadas, e por isso não escorregavam como de costume. Percebemos, claramente, que o famoso Joaquín não chegou a horas e veio na manhã deste domingo 18 de Outubro. Com um nome de origem latina só podia mesmo atrasar-se…

Às 8.30 estavam devidamente preparados no Parque Radical quatro Trilheiros (Cláudio, Rogério, Rui Leitão e Alípio). Esperámos pelas 08.35, mas o companheiro dessas horas não apareceu… Certamente que não terá sido pelo medo da chuva. Esperámos mais um minuto e chegou o Artur. Havia algumas faltas em relação às promessas feitas no dia anterior quando discutimos a qualidade elevada de uma Paelha, da qual não sobrou rigorosamente nada. Somos todos contra o desperdício e no final fizemos o mesmo a um avantajado saco de amendoins que acompanharam uma roda de abaladíssas de Vialonga. Faltava também o Rui Gaspar que a essa hora, e conforme nos confidenciou, andava em casa nervoso sem saber se chegado ao PR não teria que voltar para casa tanta que era a chuva. Não duvidou da bravura dele mas, é claro!, duvidou da dos restantes cinco. Mas compreende-se. Telefonámos-lhe para saber se tinha adormecido. Não tinha adormecido, estava só hesitante e sem saber o que fazer. Esperámos mais alguns poucos minutos sob um pinheiro manso e quando eram 8.50 arrancámos, sem nenhum incómodo de poeira nem sequer pedras sujas, pela Tosel em direcção à Chainça onde pudemos ver como o caminho de grande declive que todos conhecemos e foi ainda há pouco arranjada pode ficar completamente destruído numa manhã de chuva. Ficou. Quando subimos, o ímpeto da água era tanto que mais parecia uma charrua líquida a lavrar todo aquele touvenan de forma tortuosa e completamente desgovernada. Aumentou muito o grau de dificuldade da subida mas só um de nós teve que desmontar quando percebeu que tinha escolhido o lado errado e galgar para o certo a pedalar era tarefa dura de mais para lograr sucesso. As forças, claro, iam nos limites. Não interessa referir o nome, porque é desnecessário e sem interesse…

Entretanto, juntou-se a nós um companheiro de um outro grupo que estava felicíssimo porque tinha acabado de ganhar seis almoços! No seu grupo, de sete elementos, quem falta (faça chuva ou faça sol) tem que sujeitar-se a pagar um almoço! Estava com um problema: faltava-lhe testemunhas (dado que nenhum dos outros compareceu… ) e fomos nós que nos oferecemos para tirar uma foto juntamente com ele para que pudesse apresentar aos seus companheiros. Esperemos que o nosso testemunho possa ser aceite porque ele, de facto, mereceu ganhar a todos! Acompanhámo-lo (!) durante quase toda a manhã.

Diz alguém que o que não nos mata nos torna mais fortes e, ontem, não morremos e teremos ficado mais fortes! Até ao momento ainda não há notícia de resfriados ou constipações. Vinhais é para a semana e parece que a meteorologia nos vai dar sol durante a semana e chuva sábado e domingo… Bom treino para Vinhais.

Já durante a tarde o tempo foi muito bonançoso, e até soalheiro, mas esta meia-dúzia de bravos (e malucos?!...) Trilheiros pôde saborear melhor a tarde que quaisquer outros porque, se ninguém disse, diremos nós: DISFRUTA MELHOR A BONANÇA QUEM LOGRA ENFRENTAR AS TEMPESTADES.

 

Porque ao final da manhã estávamos todos muito ensopados e não era de todo conveniente chegarmos a casa, e mesmo antes aos nossos carros, naquele estado alguém se lembrou da churrasqueira do Cláudio e da sua grande tendência para enormes fogueiras. Sugestão apresentada, sugestão aceite, fomos para casa do Cláudio. E aquecemos num ápice e quase sem necessidade da fogueira, da qual resultaram brasas, muitas e fortes brasas, que serviram para assar umas quentes e muito boas castanhas e, ainda!!, umas barriguinhas de porco que estavam deliciosas. Porquê? Porque havia para arrumar no lenheiro lenha para mais de um ano de inverno da família Costa. Quando estávamos de saída, chegou o pai do Cláudio (a quem ninguém telefonou, disse o Cláudio…) com mais uma carga de lenha. No final, tudo arrumado e varrido, concluiu o anfitrião que durante dois anos não irá precisar de mais lenha… conclusão: a lenha aquece bem e nem sequer precisa de arder!!

Alípio Lopes

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publicado às 11:47


10 comentários

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De Rui P a 19.10.2015 às 11:56

Estava ver que neste passeio não comiam nada.
Que alivio, não passaram fome. Nem sede.
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Para que conste, não fui porque cheguei a casa às 9:30 e pelo que sei só podem atrasar-se até às 8:35.
Obrigado ao relator pela preocupação.
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De Alípio Lopes a 19.10.2015 às 14:56

Ahahahaha... foi preocupação genuína, aquela das 8.35. Já em relação ao Cláudio o melhor mesmo é ser ele ou serem os outros a dizer mais, eheheheh. Eu bem o avisei de que seria de todo conveniente ter sido ele a escrever a croniqueta, é que eu não posso, por questões de ética (?...) escamotear os factos!

 
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De José Cardinhos a 19.10.2015 às 19:17

Estava eu em casa e interrogava-me.... será que o pessoal foi andar de bicicleta, numa manhã de chuva torrencial??? Mas não é que foram mesmo!!!! A idade costuma trazer juízo, mas só a alguns!!!!
Parabéns aos corajosos, que ainda por cima, conseguiram fazer uma boa acção, arrumaram a lenha ao homem. 
Cláudio as castanhas foram merecidas, boa gente.
Não posso deixar de dar os parabéns ao Alípio, pela discrição pormenorizada da crónica, excelente.
Essas fotografias têm que ficarem para recordação futura.
Boa semana.
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De Artur Fernandes a 19.10.2015 às 21:21

De facto foi chuva pelas barbas, pelo rabo...enfim por todo o lado que se possa ter no corpo...
Mas acreditem que fiquei mesmo mal em não poder retratar fotográfica mente aquilo que o Alípio descreveu em texto era mesmo muita chuva ...demais .
Excelente manha de BTT e de trabalho...




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De Cláudio Costa a 19.10.2015 às 22:56

Alípio, grande crónica, prova-se que estavas a precisar de escrever para soltar toda essa prosa, além disso foi uma manhã de água com força, nada melhor que um marinheiro para a descrever :) Parabéns.


Para o ano que vem, temos de repetir o programa, desde que bem combinado, para assegurar que tenho a lenha para arrumar e à vossa espera :)


Dizem as más línguas que a fogueira, a primeira, estava fraca, mas deu para as grelhar e para as assar e com a 2ª fogueira os meninos ainda ficaram todos sequinhos e com roupa limpinha para regressar a casa. E eu fiquei com o trabalho da tarde feito, lenha arrumada, muito obrigado aos companheiros, deu-me um jeitão!


Com ou sem chuva, vale sempre a pena ir conviver com os TSF, mesmo que custe a sair da cama...
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De Cláudio Costa a 19.10.2015 às 23:09

Quanto ao nosso convívio de Sábado, foi mais um excelente jantar dos TSF e suas famílias. Como é próprio nestes eventos, é sempre difícil ter a presença de todos os colegas, o que é pena, mas é mesmo assim.


Obrigado mais uma vez ao casal dono da nossa sede, ao Rui e à Paula, pois para além de boa gente, a Paula sabe cozinhar uma maravilhosa paelha.
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De D'Armindo a 20.10.2015 às 06:13

Bom texto!


Mesmo sem muitas fotos deu para percecionar aquilo que foi a v. corajosa manhã!


Um abraço e boa semana!
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De Rui Gaspar a 20.10.2015 às 12:12


Só mesmo um ex-marinheiro tinha a inspiração necessária para reportar um evento de BTT quase todo realizado debaixo de água. Boa Alípio, Eu quase precisei de uma boia para me manter a respirar fora de água. A ideia de ir arrumar a lenha do CC foi excelente, penso que foi sugestão de um Rui qualquer dos que apareceram.
O congresso gastronómico correu com toda a democatricidade e pluralidade que o nosso partido TSF pratica, ou seja; comemos,  bebemos, conversamos e ainda planeamos o futuro.(Não somos como os políticos, falam,falam, mas não fazem nada). Foi aprovado sem votos contra um evento para o próximo ano que tem a silga GRZ.
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De Hugo Brites a 20.10.2015 às 13:44

Por onde andei também carregou bem a chuva mas com muitas e boas abertas pude confirmar no local o que tinha perdido este ano na travessia anual TSF,embora vos diga que as rotas dos pescadores na Costa Alentejana devem ser um regalo para a vista no verão ;-)
Fico contente por defendido o plano 2016 a GRZ pois eu em casa já ando em conversações/negociações com quem manda lá em casa!
E mais uma vez Parabéns Alípio pela real descrição dos factos!
Cláudio para a próxima é por o pessoal a rachar a lenha também e assim aquecem mais uma vez :-)
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De RuiL a 20.10.2015 às 22:03

olá... 
boa crónica Alípio, embora esta destorça um pouco aquilo que foi a fogueirinha em casa do anfitrião Cláudio... ou será que deva chamar de patrão... olha qq coisa...

chovia mesmo muito muito mas mesmo com muita água as ideias fluem de uma forma natural... tal qual a chuva.

até quinta...

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