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Escócia 2019 - Coast to Coast to Coast - Parte I

por Trilhos Sem Fim, em 25.06.19
Preâmbulo

A ideia teve como base a experiência relatada pela Zona 55, com os respetivos traçados realizados e as dificuldades encontradas, aliada às experiências de outras travessias já realizadas (internas e Ibéricas), com a experiência comprovada pelo CC de transporte de uma bicicleta via aérea, usando um saco próprio de transporte, faziam com que estivessem reunidas as condições para avançar para o lançamento projeto. A ideia foi aceite por 6 Trilheiros e havia a possibilidade de ter carro de apoio. 
Com tudo isto alinhavado, o CC avançou para a marcação das passagens e o delineamento de um traçado, elaborando um rigoroso e muito fiável Road Book. Definidas as etapas, foi marcando os alojamentos e afinando todos os procedimentos para cada um dos dias de estadia.
Um agradecimento especial à Zona 55 e em particular ao amigo João Valério, por todas as informações, esclarecimentos e apoio prestado em todo o processo.

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12 de Junho | Dia 0

Era véspera de partida e muitos dos participantes estavam a trabalhar mas era irresistível o não vigiar o telemóvel ao tocar de mais uma notificação, com mais um lembrete de não esquecer para levar roupa impermeável, os documentos, relembrar a hora e o local de encontro e os procedimentos. Os que já tinham tudo arrumado iam partilhando as fotos das suas bagagens. Ao final do dia o RM fez a tour de passagem pelas casas, para recolher os sacos das bicicletas, para aforrar tempo para o dia seguinte. Este processo foi efetuado já com a carrinha alugada para o transporte para o Aeroporto, acompanhado pelo seu filho, que simpaticamente se voluntariou para nos ajudar.
A alvorada iria ser cedo e era necessário descansar.

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13 de Junho | Dia 1  - Etapa 0
 
À hora combinada, todos se encontravam na Sede Oficial dos TSF, devida e orgulhosamente trajados com os novos Pólos. Estava alinhavada a distribuição dos Trilheiros pelos carros, arrumadas as malas, encaminhámo-nos em direção ao Aeroporto.
Já no Aeroporto, foram tiradas as últimas fotos com as bicicletas, antes de as enviar para o porão do avião.
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Confirmados os pesos (o saco do NG tinha peso a mais, tendo sido redistribuído por outros com menos carga) era tempo de as encaminharmos até à experiência mais fantástica que iriam ter! Os olhares de preocupação eram evidentes, quais pais a despedirem-se dos seus rebentos no primeiro dia de aulas.
A viagem foi tranquila e bem disposta, havendo sempre lugar a fotos aos elementos que adormeciam.
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Chegados a Edimburgo, fomos logo brindados com a típica chuva escocesa, funcionando como que um batismo para os dias fantásticos que se avizinhavam. Após a rápida recolha da bagagem, dividimo-nos em dois grupos. Um levou as bagagens e dirigiu-se à EuropCar, para levantar o carro ligeiro (NG; DA; RL; LF), que seria conduzido pela LF e que seria o nosso carro de apoio para estes dias e outro à EasiRent para levantar a carrinha de 3 lugares (RM; RG; CC) que transportaria as bicicletas, ainda nos sacos até ao local onde pernoitaríamos as duas últimas noites (nos arredores de Edimburgo) e onde guardaríamos os sacos, cortesia do proprietário da casa.

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Mal chegámos, apressámo-nos a montar as bicicletas, que vinham parcialmente desmontadas (espigão, guiador, rodas e pedais) e a afinar as medidas. Tudo isto foi realizado com a presença do proprietário da casa, que assistia com um olhar de encanto a todo aquele processo. Após isso confiou-nos a chave para utilizarmos aquando da estadia naquele local.

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Bicicletas montadas, foi hora de as colocar na carrinha, devidamente acondicionadas. E não é que encaixavam na perfeição!

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Tudo pronto para realizar a viagem de cerca de 200km até Aberdeen.

Havia a intenção de efetuar duas paragens para visitar Castelos durante o trajeto mas como já tínhamos registado alguns tempos de atraso, entre o voo e os processos de levantamento das viaturas, a opção foi por apenas efetuar uma paragem no Castelo de Dunnottar, que apenas foi visto por fora, uma vez que já se encontrava fechado. O frio que se fazia sentir não ajudava a uma visita morosa, pelo que apenas fizemos a escadaria, em passo acelerado, até à porta, tiramos um pequeno conjunto de fotos e seguimos viagem até Aberdeen.

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A visita ao Castelo de Glamis havia sido conscientemente substituída por uma paragem para lanche numa área de serviço.
Chegados a Aberdeen, encaminhámo-nos para o Hostel (The Lost Guest House), onde estacionámos temporariamente para levar as bagagens e as bicicletas para os quartos. Aqui, dividimos novamente o grupo em dois. Sendo que 4 elementos foram entregar a carrinha (regressando no carro ligeiro) e os outros 3 elementos foram visitar a redondeza em busca de opções para jantar.
A opção recaiu pelo tradicional Fish and Chips (não estavam fantásticas), acompanhadas de refrigerantes (isto porque na Escócia é necessário ter uma licença especial para vender bebidas alcoólicas e os Take Away optam por não ter).

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Após o jantar fomos degustar uma cerveja local, em formato Pint, no The Spiritualist, um simpático e muito bem frequentado Pub, nas imediações do nosso alojamento.
No caminho para o Hostel, verificámos que Aberdeen era um local com animação noturna, a avaliar pela quantidade de pessoas que circulavam naquela zona.

190613-230745 Scotland CC.jpgEra chegado o momento de descanso, porque a grande aventura iria ter início bem cedo e todos queriam estar frescos e bem dispostos.

 

14 de Junho | Dia 2 - Etapa 1 - Aberdeen - Ballater (76km - 700m D+)
 
À hora marcada para a alvorada (7h00) já não havia um TSF que não estivesse acordado. Os elementos iam chegando à sala de pequeno almoço trajados a rigor. Faziam-se as escolhas do menu (havia quem arriscasse uma degustação mais local, outros preferiam o tradicional mediterrânico).

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Já com o aconchego da refeição foi tempo de regressar aos aposentos para ultimar os derradeiros detalhes para encetar a jornada. A bicicletas haviam ficado num dos quartos.

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Confirmava-se ferramentas, suplementos alimentares, reviam-se pneus, colocavam-se frontais, lubrificavam-se transmissões.

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Tudo estava apostos para o "tiro de partida". Um leve instante de silêncio (não havia um Trilheiro que não sentisse um ligeiro formigueiro) que foi interrompido pelo ecoar da Gaita de Foles, som que brotava da habitual coluna do RG e que seria o mote para o encetar da aventura, tendo como primeiro destino a zona portuária de Aberdeen e a sua praia.Pese embora todo o processo de preparação, nos primeiros metros verificámos que o pneu traseiro do RM tinha pouco ar (e a sua bomba não estava a funcionar), o mesmo  foi retardando a colocação de ar mas foi unânime que seria melhor parar e resolver o problema, sob risco de poder ter consequências materiais, aliado a isto o travão traseiro do CC também vinha manifestando os problemas que havia registado nas voltas anteriores, em Portugal, que registava o verter de óleo para o disco. RM com pneus cheios e CC com discos limpos (era solução provisória mas como a etapa era apenas rolante, era pacífico) percorremos o restante percurso urbano, onde verificámos o escrupuloso respeito pelos ciclistas, por parte dos automobilistas.

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Chegados à praia, feitas as fotos da praxe, encetámos oficialmente o percurso onde alcançaríamos a Deeside Way, uma ecovia adjacente ao River Dee, sem dificuldade física e técnica, que permitia rolar a uma velocidade interessante e aforrar tempo para a concretização das premissas para este tipo de aventuras.

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Paragens para contemplar e fotografar as paisagens e Geocaching e estabelecer contacto com outros ciclistas. Os primeiros kms foram efetuados em piso asfaltado, entre vegetação, com abundante presença de caminheiros, praticantes de jogging, pessoas que simplesmente iriam passear os seus cães (uma palavra para o civismo dos donos que ensinam os seus animais a manter a calma e a serenidade na presença de outras pessoas, o que torna o espaço muito mais confortável para todos os que nele circulam), assim como algumas mães que corriam com os seus carrinhos de bebé.

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Passado este primeiro cenário, entrámos numa "fotografia" mais campestre, levando-nos a Deeside Way pelo meio de alguns campos, permitindo o contacto com a fauna local.

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O ponto alto do dia estaria guardado, quando após o km 35 entrámos num denso e deslumbrante Bosque, onde fomos alcançando os valores de altimetria reservados para este dia. Aqui tivemos uma má notícia, o suporte da accion cam do RL cedeu, o que iria limitar a captação de imagens em movimento para toda a aventura.

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 Na zona de Potarch mudámos novamente de cenário, indo por uma antiga estrada militar, que nos levaria até à A93 (Estrada para Ballater). Aqui começámos a pensar no almoço, que havia ficado alinhavado com a LF em Kinkardine O'Neil ou em Aboyne. A opção recaiu sobre a segunda hipótese dada a fraca estrutura de opções comerciais na primeira. Chegádos a Aboyne estavam já à nossa espera umas deliciosas sandes que já conhecíamos, assim como a indispensável reposição de eletrólitos. 

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Repostas as forças, voltámos a apanhar a Deeside Way, paralela à A93 e com o River Dee ali mesmo ao lado. Este foi o agradável cenário que encontrámos até à entrada de Ballater, local onde iríamos pernoitar.

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Chegados a Ballater, dirigímo-nos de imediato à loja de bicicletas (Cycle Higlands) que ficava mesmo diante da unidade hoteleira onde iríamos pernoitar (Deeside Inn), com vista a resolver o problema no travão traseiro da bicicleta do CC. Era apenas a tampa do óleo que tinha ficado mal fechada. Foi apenas necessário limpar e desengordurar o disco e colocar pastilhas novas. O mecânico ensinou também o CC a aproveitar pastilhas nas quais caiu óleo, contudo, à cautela, foi mais prudente adquirir um par suplente.JFdoD4RA.jpeg

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A LF já se encontrava no Hotel e havia tratado de toda a logística, tendo falhado no planeamento dos aposentos, tendo ficado o quarto Twin para o NG e a LF e o quarto de casal para o RM e o CC. Era então altura de guardar as bicicletas num anexo e retemperarmos as forças num banho. Como ainda era cedo e o jantar era no hotel, que estava previamente agendado e pago (2,5£, o melhor negócio da vida do CC) fomos dar uma pequena volta pela vila, onde encontrámos um simpático Bar, que resultou da antiga estação ferroviária, para tomar um aperitivo.

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Depois do repasto fomos completar a visita e fazer algumas Caches, que nos permitiram conhecer mais alguns locais e um pouco da história de algumas personalidades da vila. Fomos também a um outro Bar, onde um simpático nativo meteu conversa connosco e nos indicou que um dos motivos da simpatia dos escoceses estava no facto de estarem sempre alcoolicamente bem dispostos. De regresso ao Hotel fomos fazer um pouco de tempo até à hora de deitar, tendo o entretenimento ficado a cargo do RG, tocando, ao Piano, uma peça da sua autoria, denominada "A Morte do Grilo", que motivou um incremento de boa disposição pré-sono.

 

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15 de Junho | Dia 3 - Etapa 2 -  Ballater - Aviemore (75km - 1100m D +)
 
O despertar foi à mesma hora (7h00) e pouco mais tarde já todos os Trilheiros estavam na sala de pequeno almoço para fornecer ao corpo a primeira refeição do dia, que amanhecera chuvoso e que os registos ditavam que seria duro.
À partida faziam sentir-se uns leves chuviscos, que nos levaram a vestir os impermeáveis. Enquanto preparávamos as bicicletas para mais uma etapa a LF já tinha ido comprar as sandes que levaríamos connosco e que serviriam de repasto. Começava a mostrar uma eficiência inigualável como staff.

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Os primeiros 41 km tinham muito pouca altimetria e seriam feitos junto à margem do River Dee e até ao km 25 o troço era na íntegra asfaltado, percorrendo a A93, uma antiga estrada militar, o que permitiu efetuar algumas paragens para fotografias, particularmente de uma cabine telefónica, transformada em biblioteca, situada no meio do nada ou uma fantástica ponte cujo destino era apenas uma moradia unifamiliar. 

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Ao km 13, fizemos um pequeno desvio apenas para poder visualizar as instalações da Royal Lochnagar Distillery, que ainda se encontrava fechada, pelo que apenas foi possível ver o exterior.

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Embora estes primeiros km fossem em piso asfaltado, o cenário envolvente era extremamente belo, uma vez que a A93 era ladeada por uma fantástica paisagem verde composta de árvores e musgos, que conferiam um colorido fabuloso ao cenário.

Volvidos 2km chegaríamos aos Castelo de Balmoral, situado em Crathie e que é a residência oficial da Rainha (e seu marido) em terras escocesas. Aqui apenas a LF teve possibilidade de efetuar a visita, recomendando vivamente a mesma (mesmo de bicicleta). O cruzar do Castelo coincidiu com a mudança de margem do River Dee, ficando agora do nosso lado esquerdo.

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10 km adiante sairíamos da A93 e dirigíamo-nos oficialmente para a zona das Highlands. Este momento ficou registado em forma de fax, enviado pelo CC, que revelou a sua parca experiência na captura de rede.

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Aqui deixaríamos o asfalto e encetávamos a etapa em piso "offroad", onde entraríamos na Floresta de Cairngorms. As paisagens eram cada vez mais fabulosas e o avistamento de montanhas e vales verdejantes, iluminados pelo Astro Rei, que dava um ar da sua graça, conferiam um colorido à etapa.

Começava aqui o "ritual" de transpor cancelas, onde o RG tentou colocar o seu sentido de humor em funcionamento, indicando que apenas seria transponível, galgando... Quase pegava! 

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Com o avançar dos km, íamos colocando em causa as dificuldades anunciadas no Roadbook, situação que não representava mais que uma tentativa de auto engano perante as dificuldades anunciadas.

Ao km 35 iríamos ter o primeiro ponto de dificuldade, com o atravessar de um ribeiro, afluente do River Dee. As técnicas para o atravessamento foram várias. Houve quem, sem hesitação, atravessasse. Houve quem tenha tentado passar montado. Houve quem passasse descalço. Houve quem viesse calçado mas sem meias. Houve quem procurasse pontos mais baixos para atravessar. O resultado foi o mesmo. Acabámos o dia com os pés molhados!

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Depois de atravessar mais algumas cancelas e de contemplar mais alguns fabulosos fundos cénicos, decidimos efetuar a pausa para o almoço (com as sandes compradas pela LF) perto dos 40 km, no espaço que nos pareceu mais aprazível, junto de uma passagem de água, vinda diretamente das montanhas, que permitiria, no final da refeição, reabastecer os bidons e almoçar com o som da água a correr.

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Após o almoço, o caminho começou a ter algumas interrupções, onde, face ao relevo, éramos obrigados a desmontar, até que chegámos ao ponto em que não era de todo possível fazer 10m seguidos em cima da bicicleta e caiu sobre nós a resignação de que os relatos (que a todo o custo tentávamos negar) eram reais. Seriam 15km duríssimos, apenas atenuados pelas paisagens fabulosas dos montes (onde inclusive ainda havia neve) e vales que nos circundavam e pelo espírito de camaradagem e de motivação do próximo. Nestes intermináveis km, galgámos pedras (havia quem optasse arriscar e caminhar fora do trilho) subimos, descemos, atravessamos mais rios, sempre a pé e com a bicicleta à mão que à falta de força já ia batendo nos calhaus de granito, para nossa angústia. 

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Terminado este calvário, fizemos um conjunto de metros, já montados, antes de encetar a descida, onde encontrámos um simpático ciclista, viajando a solo, com o qual abordámos as experiências que estávamos a realizar e nos confidenciou que já havia estado em Coimbra a fazer kayak.

A descida, estávamos "avisados" que tinha rasgos largos e que mesmo sendo rápida era necessária alguma prudência. Encetámos este processo com as devidas cautelas, contudo, à medida que íamos galgando as valas e a confiança ia aumentando, a velocidade ia sendo maior, assim como a permeabilidade ao erro. Situação que motivou 3 aproximações ao solo de 3 Trilheiros diferentes (RM; CC e DA), resultando apenas alguma marcas no corpo, sem consequências de maior. Durante a descida, cruzamo-nos com mais um grupo de aventureiros em bicicleta, com os quais pudemos também trocar algumas palavras e não é que um deles conhecia Leiria! Conhecimento devido ao facto do seu pai residir em Ferreira do Zêzere.

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Até às imediações do Lock Morlich o traçado era muito engraçado, num divertido estradão ladeado de vegetação.

Os últimos 10 km seriam ligeiramente descendentes e bastante tranquilos, percorridos num caminho em forma de ciclovia, paralelo à estrada até Aviemore. Aqui interrompemos a marcha para a realização de caches e para o avistamento de alguns veados que, timidamente, espreitavam entre a vegetação.

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À chegada desta etapa estava um simpático Hostel (Aviemore Youth Hostel), onde imperava a presença de caminheiros e outros ciclistas... E que tinha um leque interessante de opções para a reposição de eletrólitos.

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Após guardar as bicicletas e um retemperar de forças nos banhos foi tempo de colocar as roupas a lavar e a secar e procurar jantar, tendo a opção recaído num Take-Away próximo e a refeição tomada no refeitório do Hostel.

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Após o jantar, fomos degustar alguns destilados locais num Pub nas imediações do Hostel, onde curiosamente, numa das bicas de imperial, estava o logótipo da "nossa" Sagres, embora o conteúdo fosse outro produto.

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De regresso ao Hostel, fomos recolher a roupa, já seca, e descansar, que o dia havia deixado marcas e esperava-nos uma etapa longa e com o mesmo ascendente no dia seguinte.

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16 de Junho | Dia 4 - Etapa 3 -  Aviemore - Fort Augustus (86,5km - 1100 D +)

A alvorada foi, como sempre, às 7h00. A etapa anterior havia sido exigente e desgastante e era necessário finalizar o processo de retemperar forças para partir para mais um dia, que embora mais leve, prometia alguma dureza na parte final.

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A etapa encetou com uma passagem pela principal Avenida de Aviemore, recheada de estabelecimentos comercias alusivos à prática de Ski, visto ser uma zona de neve, no Inverno. Terminada esta tour pela vila, encaminhámo-nos para o Track, que começava atravessando um pequeno arvoredo com uma subida inclinada, que desembocava na ponte que nos permitiria atravessar o Rio Spey, e que a bicicleta do CC não achou muita piada e o atirou aos solo (sem qualquer consequência, apenas umas gargalhadas), apenas presenciado pelo NS.

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Passada a ponte, apanhamos a ciclovia paralela à estrada B970 (ou quando não havia ciclovia, pedalávamos pela via - pouco movimentada), que permitiria rolar a um ritmo interessante e simultâneamente esticar e aquecer os músculos, fatigados na véspera. O cenário envolvente era constituído por verdejantes áreas florestadas, campos agrícolas e de pastoreio. Após o km 12, em Feshiebridge, atravessámos a ponte sobre o Rio Feshie (um afluente do Rio Spey), aproveitando para tirar as primeiras fotos do dia (e mudar de águas - as pontes têm este efeito diurético).3.jpeg 4.jpeg

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Transposta a ponte, encetávamos a parte da etapa em terreno não asfaltado, retomando o processo de abrir e fechar cancelas.Entrámos aqui numa zona florestal, que se encontrava em fase de corte em alguns talhões, cujo empilhamento dos toros permitiu igualmente um enquadramento cénico de excelência para mais algumas fotos.

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Este seria o quadro que encontraríamos ao pedalar lado-a-lado com o Rio Feshie, que seria nosso companheiro até ao km 16 da etapa. Entraríamos agora numa estrada agrícola, da qual destacamos o encontro com um simpático casal que já havia passado férias em Portugal e onde avistamos também alguns exemplares dos Highland Cattle, a famosa raça bovina das montanhas escocesas. Este caminho levar-nos-ia até às ruínas do Ruthven Barracks, as mais bem preservadas de um forte do Século XVIII, e que com o bater do Sol refletia várias tonalidades de verde nos prados envolventes.

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Anotado o enquadramento cultural do monumento, seguiríamos pela estrada B970 até Kingussie, onde encetaríamos um caminho asfaltado, mais rolante e rápido, pela A86, atravessando também a localidade de Newtonmore.

12.jpeg Como ainda era demasiado cedo, optámos por não almoçar nestas localidades, sendo que o previsto seria em Laggan, ao km 45. Chegados a Laggan, ao fim de 25km de estrada asfaltada, e após algumas voltas, verificámos que apenas havia uma opção para almoçar. Um simpático restaurante, com uma loja de conveniência, onde degustámos uma reconfortante sopa de Batata Doce (que como portugueses que somos, tivemos que apimentar e salgar) e umas tostas, que deliciosamente nos recompuseram o estômago.

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Imediatamente após o repasto, retomámos o percurso em estrada militar, também asfaltada em alguns dos troços, voltado a ter como companhia o Rio Spey, onde as paisagens verdejantes enchiam o olho e "obrigavam" a mais paragens para registar os momentos.

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Esta antiga estrada militar foi o nosso troço até ao km 60, onde a partir daqui entraríamos numa estrada agrícola e florestal e que marcaria o final deste traçado mais rolante e encetaríamos um destino mais ascendente rumo ao Carrieyairack Pass, que além da dificuldade da longa subida, acrescentava-se o cascalho solto e da qual se destacou um troço de quase 1km íngreme e serpenteante, onde se ressalva a fantástica prestação ascendente do serrano RL. A cerca de 800m de altitude a vista era fantástica e o vento abundante, pelo que não era recomendada a permanência, a bem das vias respiratórias.

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Percorremos mais um pequeno troço antes de encetar a ainda mais longa descida, que nos faria descer até ao Lock Ness, que está ao nível do mar. A descida era um estradão, bastante íngreme, rápido, com algum cascalho solto e onde começavaa cair alguma chuva, contudo sem as já nossas conhecidas valas para escoamento das águas, contudo, como não tínhamos a certeza, imperou alguma prudência. 

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 O último segmento de descida tinha já como pano de fundo o mítico Loch Ness, onde à chegada ainda realizamos uma cache.

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Daqui até Fort Augustus apanhámos novamente piso asfaltado que nos levaria até ao centro da vila. Neste último troço, destacamos o portão automático de uma propriedade privada que estávamos a atravessar, que abriu automaticamente para a nossa passagem.

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Como era dia de aniversario, o aniversariante, com a cumplicidade do seu staff, providenciou e patrocinou a reposição de eletrolitos à chegada ao Hostel.

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Após os banhos, fomos até ao centro de Fort Augustus, uma vila bastante turística e essencialmente assente no mito da Nessie. Jantámos num dos restaurantes junto ao lago, onde aproveitámos para realizar uma caminhada de descompressão, procurar mais algumas caches e tirar um conjunto de fotos antes de recolher para o merecido descanso.

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Este foi o dia em que conhecemos os famosos midjes. Uns insetos irritantes e sedentos de sangue latino, para os quais estávamos alertados.

Continue a ler este crónica no post seguinte ou aqui

publicado às 22:29


11 comentários

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De Cláudio Costa a 26.06.2019 às 00:11

Muito bom começo Gonçalo, óptimo, estou ansioso para ler os restantes dias desta nossa aventura :)
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De D’Armindo a 28.06.2019 às 07:04

Muito bom NG!
Uma importante registo e base de informação para que pense em realizar uma travessia deste género.
Aguardámos a continuidade! ;)
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De Cláudio Costa a 05.07.2019 às 20:46

E o resto Nuno, estou ansioso por ler?
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De Rogério Monteiro a 10.07.2019 às 17:58

Muito bom Nuno. A cronologia acompanhada de fotos está muito bom.
Continua e parabéns.
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De Ruy a 11.07.2019 às 14:30

Estás lá miúdo... Boa
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De Rui Gaspar a 12.07.2019 às 15:21

O Nuno está parabéns porque está a conseguir relatar com muito rigor o dia a dia destes atrevidos BTTistas  e assim permitir aos companheiros ausentes deste evento, avaliarem como foi o desafio de atravessar as escocesas Altas Montanhas e enfrentar o monstro do LOCH NESS . Continua companheiro . 
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De Cláudio Costa a 27.07.2019 às 01:53

Muito bom Nuno, isto vem a conta gotas, mas está a ficar bom :) Continua...
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De Rui Gaspar a 27.07.2019 às 22:16

Então os clips de video apagaram-se ?  Todos os dias havia centenas de filmagens. Temos que lá ir repetir ?
O Nuno está fazer um excelente trabalho de reportagem.
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De DÁrmindo a 16.08.2019 às 10:09

Boa Nuno!


Aguardamos com ansiedade a tua disponibilidade para terminares o relato.
Falta ainda a compilação do filme.
Ótimo trabalho, muito util a quem queira realizar esta ou outra proeza no país onde há homens que usam saias (Kilts)


Aventura que deixa saudades!!
Abraço
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De Anónimo a 06.12.2019 às 12:01

Pessoal, fico contente por terem aceite realizar esta aventura proposta pelo CC e assim confirmar os meus próprios relatos e logística. Pessoalmente estou a reviver a minha própria aventura. Empolgado para continuar a ler a continuação da crónica e o resultado da m/ alteração ao track para evitar os pedregulhos junto ao lago. Cump. João Valério
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De Trilhos Sem Fim a 07.12.2019 às 19:53

Foi uma experiência fantástica, e sem a tua preparação e a vossa experiência não teria sido certamente tão bom. Abraço e obrigado mais uma vez.

CC

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