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Trilhos Sem Fim - o Rio Lis e ... pedalar à chuva

por Trilhos Sem Fim, em 02.03.14

Choubikers & Trilhos Sem Fim de Leiria à Barrenta

O convite tinha chegado no final da semana, já o tempo decorria chuvoso: acompanhar os nossos amigos dos Choubikers até à Barrenta com passagem em Alcaria, Covão de Olés, São Mamede, Alqueidão e tantos outros lugares que não é possível referir porque a visibilidade, a dada altura, era igual à de um tempo com nevoeiro intenso e denso, a humidade chuvosa como se sabe e a acção do vento constante por vezes tão intensa que quase nos deitava abaixo das biclas!

Ficámos a saber que quase todos tiveram umas certas hesitações desde a noite de ontem até à alvorada de hoje. Contou-se até que aconteceram trocas de mensagens via facebook impeditivas de qualquer volta atrás. Disse o Cláudio C ao Rui B dos Choubikers que as nossas bicicletas não têm medo da chuva. De facto as bicicletas não têm! Como tampouco têm medo da dita a totalidade (ou quase) dos nossos companheiros. Há-os até que fazem alarde de apregoar que não é a chuva que os demove ou assusta e que “chuva civil” não molha “militar” (leia-se Trilheiro!!). Mas, o que é verdade, hoje éramos quatro Trilheiros e em dias de sol já fomos mais de vinte… Este humilde redactor, por exemplo, recebeu uma chamada na noite de ontem de um companheiro que o invectivou a não deixarmos de ir e, assim, pela manhã e ao olhar pela janela afastou pensamentos de recusa pois havia um compromisso. Equipou-se a rigor, passou à hora combinada e esperou dez minutos depois de ter tocado à campainha. Não houve resposta e seguiu, para chegar a casa contente, com quase 60 quilómetros nas pernas e mais de 900 metros de acumulado no bucho e com um peso extra de líquidos no equipamento de para aí dois quilos (que é igual ao litro…). E, tal como todos os outros, mais coeso no grupo; que são as dificuldades que aguçam o engenho e reforçam a estima mútua. Disse alguém um dia, e se não disse direi eu!, que o BTT é um desporto individualista por excelência que é ainda muito melhor quando praticado em grupo…

Saímos às 8.40 oito ciclistas anfíbios mantendo-se nessa ocasião um empate técnico dado que o grupo de “batráquios” era composto exatamente por quatro Trilheiros (a saber: Alípio L, Artur F, Cláudio C e José C) e por quatro Choubikers. À passagem pelas Cortes juntaram-se-nos mais dois companheiros dos Choubikers vindos do Alqueidão da Serra (onde haveriam de ficar no regresso) e um outro mesmo dali junto às Fontes (que também haveria de deixar-nos quando por aí regressamos). Escusado será dizer, tal como veremos adiante, que os companheiros que ficaram no Alqueidão iriam ter gostado de terem vindo connosco até às nascentes dos Liz onde houve direito a filme de banho e queda na máscara com a bicla a iniciar a deriva com a corrente! Foi a cereja no topo do bolo de um dia incrivelmente duro mas inexplicavelmente fantástico com direito a café e tudo pago por um dos companheiros vindos do Alqueidão que, ainda cedo, viu o cabo do sistema de mudanças traseiro rebentar. Escusado será dizer que o nosso amigo Artur F teve oportunidade de pôr a nu a razão pela qual, tantas vezes, não pode subir como os outros tal a parafernália que permanentemente transporta às costas, qual pronto-socorro! Quando foi necessário ele sacou do seu autentico arsenal de ferramentas e acessórios que foram suficientes para remediar o problema e permitir que metade das mudanças passassem a poder ser usadas e, assim, evitar o abandono do nosso amigo. Os problemas técnicos resumiram-se a esta ocorrência o que foi enorme ajuda porque mais paragens e arrefecimento com outras contrariedades, tais como furos, podiam causar transtornos e resfriados…

Dizia à saída o Artur F que haveria de referir o texto que oito eram poucos mas que eram bons. Passámos a onze e não ficámos piores. Passámos toda, rigorosamente toda a manhã, debaixo de chuva e, a partir de certa altura, já ninguém se desviava das poças de água dos caminhos. Quando a chuva aliviava eram as árvores que, sob a acção da forte ventania, debitavam litros de água acumulados nas suas copas para cima dos nossos dorsos. Quando subimos, sofremos as óbvias dificuldades mas quando descemos, particularmente mais rápido, sofremos o efeito dos pingos da chuva nos olhos como se de agulhas se tratasse. Usar óculos estava impossível e nem os ceguetas que necessitam de muitas dioptrias de correcção se permitiram fazê-lo. Sorte de toda a gente que a lama nos olhos não causou problemas mas o mesmo não diríamos facilmente se, quando passámos em São Mamede e tomámos café, tivesse vingado a proposta de alguns que queriam descer o Vale Maninho. A maioria, ajuizada, votou contra porque aquele trilho de lama e pedra, particularmente a descer, não seria pera-doce especialmente hoje.

No regresso passámos pelas Fontes e, como dizia o Rui Berran, passar por ali sem visitarmos as nascentes equivale a ir a Roma sem ver o Papa. A nascente estava espectacular e a torrente forte e límpida já sem as lamas do início do inverno. Tão límpida estava que o Luís Ramos (mais conhecido por Luís do burro) foi tentado para atravessar o olho da nascente de bicicleta. À segunda tentativa tomou mesmo balanço na descida próxima que todos conhecemos. Quase que atravessou. Quase, porque ficou a faltar metade da travessia e se espalhou literalmente ao meio do leito do rio. A velocidade permitiu uma queda espetacular em “slow-motion”, equivalente à “queda na máscara” da gíria militar, com direito a banho completo e a quase ver a menina desaparecer na corrente! Houve alguém que recordou o nosso companheiro ausente RG… Recomenda-se vivamente a visualização do filme. Em breve o rapaz arrisca-se a receber uma proposta para duplo em Hollywood…

Ironia das ironias, quando no regresso entrámos no Parque Radical parou momentaneamente de chover. É com estas e outras que conseguimos perceber bem a dureza da vida dos sambistas em carnavais tão molhados como este (e outros de que nos lembramos bem)!

Quarta há mais para os Choubikers e convidados com o chouriço em pão quente da praxe (não confundir com praxes!) e quinta serão os Trilhos Sem Fim a fazerem-se à estrada, perdão, à lama e à pedra!!

E viva o BTT, com ou sem chuva… mas com boas companhias! Que esta rapaziada dos Choubikers liga bem com os Trilhos Sem Fim.

Alípio Lopes

Também em meo Kanal 490904

publicado às 21:24


17 comentários

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De ACLopes a 02.03.2014 às 22:02

As minhas desculpas aos Choubikers. Só depois de publicado o texto percebi que serão da Torre e não do Alqueidão...
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De ACLopes a 02.03.2014 às 22:06

São esperados os prometido comentários dos Choubikers e, já agora, pelo menos dos outros três "batráquios" dos Trilhos. Se não houver uma boa e razoavel actividade de comentários juro que só volto a escrever quando houver pó nos caminhos!!
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De Cláudio Costa a 02.03.2014 às 22:23

Ó Sr. director, editor do blog, eu já tinha posto um comentário e desapareceu! Heheh, é o que dá ter 2 pessoas a publicar o texto, hoje coincidiu, estava eu a publicar o texto e comentar e tu a fazer o mesmo! Acho que foi isso, antes a mais que a menos.


Excelente crónica Alípio, aliás, como nos habituas-te!
Faltou referir que enquanto o Artur fazia de mecânico, os dois geocacher's do grupo de hoje, foram procurar e encontraram uma cache bem lá no alto da serra, nas ruínas de um moinho.


Foi uma manhã bem ensopadinha, mas não deixou de ser um bom passeio e em boa companhia. Para a semana, ficou combinado serem os TSF's a definir o percurso.
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De Rui P a 03.03.2014 às 12:49

Desculpa qualquer coisa Cláudio.Já vi que te atropelei.
Não me apercebi.
O que interessa é o divertimento.
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De Cláudio Costa a 03.03.2014 às 23:49

Image Nada a desculpar, só referi porque até achei graça.
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De Artur Fernandes a 02.03.2014 às 22:39

Hoje as filmagens ficaram com o tempo era mesmo difícil filmar...
Quanto a ajudar é meu feitio não deixar ninguém para trás e faz parte do treino levar a mochila ás costas...
Excelente domingo mesmo com chuva acreditem!




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De José Cardinhos a 02.03.2014 às 22:41

Quase que não ia... mas lá fui... ainda bem, como sempre acontece vale sempre a pena, pois para além da molha demos uma boa volta, novos trilhos, excelente companhia, avarias, caches, café (obrigado ao companheiro que pagou), mergulhos na nascente do rio Lis, tudo numa manhã é muito bom.

Alípio a crónica como vem sendo hábito está muito boa, quanto ao repórter não sendo em muita quantidade está óptimo.
Para a semana temos que fazer um passeio bom, vamos lá pensar a onde.
Boa semana.
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De Rui Gaspar a 03.03.2014 às 16:25

Parabéns trilheiros, assim mesmo é que É!!!! qual chuva qual carago.
Pelas 10 horas alguém me informa que o JCardinhos ja´está nos trilhos. Aí refleti, RG porque te levantas-te e pensas-te que com esta chuva não tinhas companhia e ficas-te em casa. Tu que até gostas de BTTar a chuva.
Para me redimir deste pecado, amanhã dia de entrudo vou BTTar , quer chova ou faça sol. Estarei no PR pelas 8.30 , gostava de ter companhia.


 
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De Rui P a 03.03.2014 às 18:50

Bem que gostava de ir amanhã, dia de carnaval, mas sou funcionário publico, tenho que trabalhar.
Sendo funcionário público, se fosse professor, juiz, deputado, funcionário de uma câmara municipal, aí teria dispensa para fazer qualquer coisa.
É habitual dizer-se, estudásseis mais...
Boas pedaladas porque alguém tem que salvar o País.
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De DArmindo a 04.03.2014 às 09:13


Estou solidário! A labutar...
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De José Cardinhos a 03.03.2014 às 19:46

Realmente Rui nós os quatro TSF,s estranharmos a tua falta, mas pensámos que tinhas ido correr. Fica para a próxima. 
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De Cláudio Costa a 03.03.2014 às 23:52

Rui, conta comigo, também vou pedalar contigo!
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De DArmindo a 03.03.2014 às 17:02


Boas,

Boa volta, gostei do que vi.
Este fim-de-semana foi dia de aniversário em casa, e no domingo dia de ir buscar a prenda prometida - uma quer roda 24, para que a filha mais velha tome o gosto pelo pedal. Pensei nos TSF, pois o bichinho está lá... e faz falta.
Como proposta para o próximo fds, reitero - Pia do Urso!

Boa semana!
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De José Cardinhos a 03.03.2014 às 19:43

David andámos este domingo por essas zonas da Pia do Urso, muito perto mesmo. Outra alternativa.
O sol vem aí em força, podemos alongar para outros lados.
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De Aclopes a 03.03.2014 às 21:57

Azar, amigo RP. Não se trata de estudar. Passa-se o seguinte: Qualquer processo, exame, lei ou limpeza de valeta pode esperar. A gente pode ver todos os dias como isso pode suceder e suceder. Já o doente, na hora, não pode esperar senão pode morrer e deixar de pagar impostos!! Não se trata de estudar mais. Trata-se de estudar bem... E juízes? E profs? E deputas? E ferias? Quantos dias tem de ferias? E reformas? E justiça justa puta que pariu??!!!!
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De DArmindo a 04.03.2014 às 13:03


Há muitos caminhos que levam à Pia do Urso! 
Porto de Mós é alternativa. Mas ainda há muita lama por esses caminhos, mesmo com bom tempo. A proposta de Pombal foi tentativa recente...
Ourém...
Para sair e regressar em Leiria estamos sempre dentro daquilo que conhecemos. Com mais tempo de decisão temos de explorar várias propostas já feitas no fbk.Image
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De Leonel a 05.03.2014 às 13:56

Esta nova geração de Trilheiros batráquios é realmente impressionante, tive o gosto de apreciar as primeiras incursões em percursos nauticos de BTT, se é que percebi bem,...e onde??!!!! nas fontes claro! ou seja, na origem,...lá para 2020...os percursos deverão ser aquaticos e de vez em quando faremos uns percursos em terra (seca,...entenda-se) hehe! Bem....mudam-se os tempos,...Image ainda bem que se divertiram,...para a semana eu e a Paula vamos fazer o Geo Tour 2014, 2 dias de BTT,(http://geo-tour.org/index.html) espero que não chovaImage

Boas pedaladas

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